quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Lenin desce ao Inferno


O texto abaixo é de autoria do escritor Paulo Coelho.

Lenin desce ao inferno

Depois de fazer a Revolução Russa, acabar com as diferenças de classes sociais e dedicar sua vida inteira ao comunismo, Lenin finalmente morre. Por ser ateu e ter perseguido os religiosos, termina sendo condenado ao inferno.

Ao chegar lá, descobre que a situação é pior que na Terra: os condenados são submetidos a sofrimentos incríveis, não há alimento para todos, os demônios são desorganizados, Satanás comporta-se como um rei absoluto - sem qualquer respeito por seus empregados ou pelas almas penadas que agüentam o suplício eterno.

Lenin, indignado, rebela-se contra a situação: organiza passeatas, faz protestos, cria sindicatos com diabos descontentes, incentiva rebeliões. Em pouco tempo, o inferno está de cabeça para baixo: ninguém respeita mais a autoridade de Satanás, os demônios pedem aumento de salário, as sessões de suplício ficam vazias, os encarregados de manter acesas as fornalhas fazem greve.

Satanás já não sabe o que fazer: como seu reino pode continuar funcionando se aquele rebelde está subvertendo todas as leis? Tenta um encontro com ele, mas Lenin, alegando não conversar com opressores, manda um recado por meio de um comitê popular, dizendo que não reconhece a autoridade do Chefe Supremo.

Desesperado, Satanás vai até o céu conversar com São Pedro.

- Vocês lembram daquele sujeito que fez a Revolução Russa? - diz Satanás.

- Lembramos muito bem - responde São Pedro.

- Comunista. Odiava a religião.

- Ele é um bom homem - insiste Satanás. - Mesmo que tenha seus pecados, não merece o inferno; afinal, procurou lutar por um mundo mais justo! Na minha opinião, ele deveria estar no céu.

São Pedro reflete algum tempo.

- Acho que você tem razão - diz. - Todos nós temos nossos pecados, e eu mesmo cheguei a negar Cristo por três vezes. Manda ele pra cá.

Louco de contentamento, Satanás volta para casa, e envia Lenin direto para o céu. Em seguida, com mão de ferro e alguma violência, termina com os sindicatos de demônios, dissolve o comitê de almas descontentes, proíbe assembléias e manifestações de condenados.

O inferno volta a ser o famoso lugar dos tormentos que sempre assustou o homem. Louco de alegria, Satanás fica imaginando o que deve estar acontecendo no céu.

"Qualquer hora São Pedro vai estar batendo aqui, pedindo que Lenin retorne!", ri consigo mesmo. " Aquele comunista deve ter transformado o Paraíso em um lugar insuportável!"

O primeiro mês passa, um ano inteiro passa, e não vem nenhuma notícia do céu. Morto de curiosidade, Satanás resolve ir até lá para ver o que está acontecendo.

Encontra São Pedro na porta do Paraíso.

- E aí, como vão as coisas?

- Muito bem - responde São Pedro.

- Mas está tudo mesmo em ordem?

- Claro! Por que haveria de não estar?

"Este cara deve estar fingindo", pensa Satanás. "Vai querer me empurrar Lenin de volta"

- Escuta, São Pedro, aquele comunista que eu mandei, tem se comportado bem?

- Muito bem!

- Nenhuma anarquia?

- Pelo contrário. Os anjos são mais livres que nunca, as almas fazem o que bem desejam, os santos podem entrar e sair sem hora marcada.

- E Deus, não reclama deste excesso de liberdade?

São Pedro olha, com uma certa piedade, o pobre diabo a sua frente.
- Deus? Camarada, Deus não existe!

INSTALADO O ESTADO DE EXCEÇÃO NA UFPI

Trabalhadores reprimidos e sindicato atacado



A Associação dos Docentes da Universidade Federal do Piauí/Seção Sindical-ADUFPI/SSIND e demais entidades abaixo-assinadas vêm a público denunciar aos trabalhadores sindicalizados e à sociedade piauiense como um todo o grave ataque desferido pela administração superior da UFPI e/ou seus aliados – intra e extramuros universitários - contra a liberdade de reunião e manifestação e autonomia sindical, viabilizado por liminares judiciais sobre as quais cabem questionamentos, por se mostrarem extemporâneas e parciais.

Preparando as eleições para o próximo mês de janeiro, o presidente da entidade, Prof. Francisco Cardoso, sob calendário regulamentar, convocou a Assembléia Geral para o dia 14/12 p.p., a qual foi interditada por liminar impetrada por um aliado do Reitor, sob a alegativa de que havia professores fiscalizando o concurso PSIU. O mandado prometia recurso à força policial se preciso fosse para impedir a reunião. Ora, a fiscalização do PSIU não é trabalho inerente à atividade docente. Os que dele participam o fazem por livre adesão e mediante remuneração extra. Por essa razão última, só os aliados do Reitor têm acesso ao premiado trabalho.

Embora questionando a constitucionalidade da liminar, os docentes o acataram, gerando condições para que possíveis imprecisões do despacho judicial fossem dirimidas. Contudo, em vez de buscar ouvir as razões da parte acusada, a juíza substituta do trabalho Benedita Guerra Cavalcante Paes Landin expediu outra liminar a favor do acusador. Desta feita, além de proibir a nova e regulamentar assembléia, estabeleceu multa de 50 mil reais, a ser arcada pelo sindicato e pelo seu presidente. Apressou-se a juíza em bloquear a conta bancária do presidente e da ADUFPI, incorrendo, novamente, em clara exorbitância, posto que tudo decidiu sem ouvir do Sindicato a sua versão dos fatos.

Repudiamos a intromissão do gestor sobre o Sindicato, bem como a interdição judicial - pelo modo como foi procedida e por si mesma - pois o direito de reunir-se não apenas é regimental, como consagrado nos preceitos constitucionais. Como tal, deve ser observado pelos docentes, pelos gestores e pela justiça. Diz a Constituição Federal: Art. 5º, IV- É livre a manifestação do pensamento, [...]; XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independente de autorização [...]; XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos [...]; Art. 8º - É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I - A lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato [...] vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical (grifos nossos).

Baseadas nessa compreensão, defendemos intransigentemente o direito constitucional da liberdade e autonomia sindical, bem como o direito de livre manifestação. Por isso, vimos de público denunciar atitudes desprovidas de lastro legal e extemporâneas ao contexto democrático do Estado de Direito como o nosso. Seguiremos lutando em todos os espaços, pois restabelecer o autoritarismo, permitir a perseguição política ou ainda tolerar medidas judiciais de exceção é deixar esmagar a incomparável conquista dos trabalhadores pela plena liberdade de organização e manifestação. A LUTA É AGORA!

PELA ANULAÇÃO DAS LIMINARES! SINDICATO LIVRE E AUTÔNOMO!

Central Única dos Trabalhadores (CUT/PI) – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB/PI), Coordenação Nacional de Lutas (CONLUTAS), Sindicato Nacional dos Docentes do Ensino Superior (ANDES/SN), Associação dos Docentes da Universidade Federal do Piauí / Seção Sindical (ADUFPI / SSIND), Diretório Central dos Estudantes (DCE/UFPI), Sindicado dos Trabalhadores no Judiciário Federal do Piauí (SINTRAJUFE) Sindicato dos Jornalistas (SINDJOR/PI), Associação dos Docentes da UESPI (ADCESP/SSIND), Sindicato dos Docentes do IFET/PI (SINDCEFET/PI/SSIND), Sindicato dos Policiais Civis do Piauí (SINPOLPI).

UNILA: o nosso Norte é o Sul!‏

Em Montevidéu, uma jovem de 19 anos conta à mãe que pretende entrar na universidade para cursar História e Direitos Humanos na América Latina. Em Teresina, Piauí, um rapaz de 20 confessa aos pais que optou pela cadeira de Saúde Coletiva e Preventiva ao invés da tradicional e disputada faculdade de Medicina. Outro grupo de jovens, de qualquer parte da América Latina, preferiu ingressar no curso de Energias Renováveis. O valorizado curso de Engenharia do Petróleo não foi mais sua primeira opção.

Estas cenas representam uma nova realidade na vida da juventude latino-americana, fruto da ascensão de governos e movimentos sociais de esquerda na América Latina, que tratam o ensino superior público de uma forma diferente da que vinha sendo tratada pelas elites governantes. A União Nacional dos Estudantes, ao longo de seus mais de 70 anos de história, sempre teve e defendeu como objetivos estratégicos a democratização do acesso à universidade pública e a integração da América Latina para a promoção do desenvolvimento regional sustentável e soberano.

Assim como ocorreu no combate à pobreza, no enfrentamento à crise do capitalismo neoliberal e no episódio do golpe em Honduras, o Brasil foi protagonista e exemplo para os demais países latino-americanos no tocante à expansão e remodelamento do ensino superior público. Um exemplo disso é a recente aprovação no Senado brasileiro da criação da UNILA – Universidade Federal da Integração Latino Americana –, mais um grande passo que o Governo Lula dá em direção à uma nova América Latina.

A UNILA é a 13ª universidade criada pelo Governo Federal, que tem a meta de construir 16 até 2010. Somando essa ebulição de novas universidades federais ao Reuni – Decreto 6.096/2.007 -, que dobrou o número de vagas nas universidades federais se compararmos com a quantidade que era oferecida em 2003, podemos notar uma vultosa recomposição do sistema público do ensino superior, privatizado sem escrúpulos nos oito anos de governo FHC. A UNILA se insere, portanto, no nosso projeto histórico de democratização do acesso ao ensino superior, neste caso, tanto brasileiro quanto latino-americano, pois metade dos estudantes virá de outros países da América Latina.

É preciso falar também que a UNE não defende a expansão do ensino superior público por si só. Está também na ordem do dia uma reforma da universidade, para democratizar sua estrutura, reformar os currículos e colocá-la a serviço de um projeto de sociedade justa e solidária. E é nesse ponto que a UNILA torna-se uma medida extremamente inovadora. Sua autonomia é relativizada, tendo em vista que a produção de conhecimento é colocada em favor da busca de soluções para os problemas dos povos latino-americanos. Basta notar os programas dos cursos oferecidos - Relações Internacionais e Integração Regional; História e Direitos Humanos na América Latina; Comunicação, Poder e Mídias Digitais; Energias Renováveis; Saúde Coletiva e Preventiva, entre outros -, que colocam os interesses da população a frente dos interesses do mercado e formam, não robôs que reproduzem as desigualdades do sistema capitalista, mas sim cidadão críticos que lutam por transformações na sociedade.

É com essa visão que a UNE defende a recente criação da UNILA, a expansão do ensino superior público e o aprofundamento das relações, baseadas na solidariedade e na integração entre os povos e governos latino-americanos. É preciso incluir para integrar!

fonte: www.une.org.br

Grite!

Hoje aconteceu um fato inusitado, que me fez refletir sobre o atual sistema que domina, e nos impede enquanto estudantes, crescer como seres sociais. Pois quase sempre deixamos livremente passar inúmeros fatos que prejudicam de maneira geral toda a sociedade.

No ônibus, rumo ao estágio, passei pela roleta do ônibus e acidentalmente quebrei o cartão Passe Verde. Cartão este que armazena a quantidade de passes pago no SETUT, que utilizo como garantia do direito que me assiste a meia-passagem nos ônibus coletivos. Indignei-me com o fato por ser um ônibus opcional que não possui cobrador e o aparelho responsável pela conferência da passagem estava indevidamente voltado para o motorista e não para o usuário.

Analisando agora o fato.

Devo pagar R$21,00 (vinte e um reais) por outro cartão com vida útil relativamente curta, como todos os estudantes comprovam e alimentando um ciclo vicioso imposto por empresários proprietários de empresas de ônibus.

A alguns, o valor parece pequeno, irrisório, mas com esse mesmo dinheirinho pagaria 26 (vinte e seis) refeições dignas no Restaurante Universitário da UFPI, fotocopiaria 350 (trezentas e cinquenta) folhas referentes a textos, livros, pesquisas do meu curso, com essa merreca seriam 26 (vinte e seis) meias-passagens de ônibus a mais para investir em lazer ou outras atividades cotidianas.

O estudante mais uma vez é expropriado do seu maior direito constitucional: a Educação. Pagamos diariamente por um sistema de transporte de má qualidade, com superlotação, com uma quantidade de ônibus circulando de forma desproporcional a verdadeira necessidade (a exemplo, no meu caso apenas um ônibus cobre toda a linha), o número de linhas é limitado, não possuímos sistema de integração, pois através deste sistema com apenas um passe você poderá utilizar vários ônibus para chegar ao local desejado, desde que use os pontos de integração.

Além do descaso berrante, observado dia a dia por todos os que utilizam esse sistema que atende a sociedade, somos surpreendidos por greves de ônibus, filas que saem da dependência do posto central de vendas de passes, pagamos um valor exorbitante ainda que seja meia passagem e ainda devemos acreditar na falsa informação que possuímos a passagem mais barata do nordeste. Só pode ser brincadeira!

Agora pergunto.

Por que somos nós, os estudantes, os obrigados a arcar com mais essa taxa? Pois já financiamos os transportes coletivos.

Porque que somos nós, os responsáveis pelo pagamento dessa tecnologia que só veio para estarmos sob o controle dos empresários? Porque não pagar diretamente ao cobrador o valor correspondente a meia-passagem mediante apresentação da carteira de estudante?

A resposta é complicada, pois a explicação está dentro de um labirinto de pequenos interesses. O inexplicável acontece quando nós, os estudantes organizamos manifestações e retrucamos um dos verdadeiros vândalos da sociedade, enquanto isso somos somatoriamente computados como um bando de "desocupados", "vagabundos", "baderneiros".

Não sabem os imbecis que, da sua ignorância política, nasce todo tipo de mazela vivenciado pela juventude carente do nosso município, do nosso estado e do nosso país. E que mesmo parecendo pouco é destas pequenas ou grandes explorações que os poderosos veem diariamente enterrado o povo e sufocando-os num mar de exclusão social.

Por isso, é com sua mudança de atitude que se transforma a vida. Grite!

Cássio Borges


Co-participação

Jaqueline Bezerra