quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Grite!

Hoje aconteceu um fato inusitado, que me fez refletir sobre o atual sistema que domina, e nos impede enquanto estudantes, crescer como seres sociais. Pois quase sempre deixamos livremente passar inúmeros fatos que prejudicam de maneira geral toda a sociedade.

No ônibus, rumo ao estágio, passei pela roleta do ônibus e acidentalmente quebrei o cartão Passe Verde. Cartão este que armazena a quantidade de passes pago no SETUT, que utilizo como garantia do direito que me assiste a meia-passagem nos ônibus coletivos. Indignei-me com o fato por ser um ônibus opcional que não possui cobrador e o aparelho responsável pela conferência da passagem estava indevidamente voltado para o motorista e não para o usuário.

Analisando agora o fato.

Devo pagar R$21,00 (vinte e um reais) por outro cartão com vida útil relativamente curta, como todos os estudantes comprovam e alimentando um ciclo vicioso imposto por empresários proprietários de empresas de ônibus.

A alguns, o valor parece pequeno, irrisório, mas com esse mesmo dinheirinho pagaria 26 (vinte e seis) refeições dignas no Restaurante Universitário da UFPI, fotocopiaria 350 (trezentas e cinquenta) folhas referentes a textos, livros, pesquisas do meu curso, com essa merreca seriam 26 (vinte e seis) meias-passagens de ônibus a mais para investir em lazer ou outras atividades cotidianas.

O estudante mais uma vez é expropriado do seu maior direito constitucional: a Educação. Pagamos diariamente por um sistema de transporte de má qualidade, com superlotação, com uma quantidade de ônibus circulando de forma desproporcional a verdadeira necessidade (a exemplo, no meu caso apenas um ônibus cobre toda a linha), o número de linhas é limitado, não possuímos sistema de integração, pois através deste sistema com apenas um passe você poderá utilizar vários ônibus para chegar ao local desejado, desde que use os pontos de integração.

Além do descaso berrante, observado dia a dia por todos os que utilizam esse sistema que atende a sociedade, somos surpreendidos por greves de ônibus, filas que saem da dependência do posto central de vendas de passes, pagamos um valor exorbitante ainda que seja meia passagem e ainda devemos acreditar na falsa informação que possuímos a passagem mais barata do nordeste. Só pode ser brincadeira!

Agora pergunto.

Por que somos nós, os estudantes, os obrigados a arcar com mais essa taxa? Pois já financiamos os transportes coletivos.

Porque que somos nós, os responsáveis pelo pagamento dessa tecnologia que só veio para estarmos sob o controle dos empresários? Porque não pagar diretamente ao cobrador o valor correspondente a meia-passagem mediante apresentação da carteira de estudante?

A resposta é complicada, pois a explicação está dentro de um labirinto de pequenos interesses. O inexplicável acontece quando nós, os estudantes organizamos manifestações e retrucamos um dos verdadeiros vândalos da sociedade, enquanto isso somos somatoriamente computados como um bando de "desocupados", "vagabundos", "baderneiros".

Não sabem os imbecis que, da sua ignorância política, nasce todo tipo de mazela vivenciado pela juventude carente do nosso município, do nosso estado e do nosso país. E que mesmo parecendo pouco é destas pequenas ou grandes explorações que os poderosos veem diariamente enterrado o povo e sufocando-os num mar de exclusão social.

Por isso, é com sua mudança de atitude que se transforma a vida. Grite!

Cássio Borges


Co-participação

Jaqueline Bezerra



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